quarta-feira, 2 de abril de 2014

Vida descrita

Às sombras escrevi o oceano,
Pois há tempos descrevi
O que tanto escrevo.
Há tanto me descrevia
Aos sopros dos meus sonhos
Esperando meu encanto
Aos mares, minhas águas
Às árvores, minhas aves
E aos entraves, meus disfarces...

Os disfarces das minhas vidas
Minha vida, minha antares
Minha sina, meus cantares
Ah, e aos bares
Os estardes, estandartes
Onde estares¿
Quando vi.
Descrevi.

Minha vida, minha antares.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

O nome da Saudade.

Saudade é o presente que a vida lhe dá por aquilo que lhe tira;
É o rastro do perfume que fica da ida,
A sombra do corpo que se vira,
O desejo da volta na partida,
O gosto do beijo em despedida.
O som dos passos ao virar da esquina.

O querer é saudade insaciada, referida,
Requerida, saudade é o tiro de largada na corrida

Das voltas que a saudade dá,
Às voltas, envolta, em volta, saudade se revolta.

É quando saudade vira Saudade.

Saudade tomada, então não se sacia;
Agora quiçá acalmada, contida;
Insatisfeita, ao querer faz seu cortejo.
Como vírus se recria.
Saudade muda de nome:

Desejo.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Psico-relatividade.

Tornaste, então, acorrentado ao próprio corpo.
Amordaçaste tua alma, dominada, contida, perdida em teus anseios.
Entorno de ti, envolto às tuas amarras, inundado pelas tuas vontades;
Clamas por abolição, das tuas correntes, das chamas do teu corpo ardente.
Correnteza de prazeres, com certeza de tuas estacas, teus próprios grilhões, escravo és tu dos teus desejos.
Abster-te seria rejeitar tua sujeição.
Abster-te é alcançar a abolição.
Mas se finda o teu desejo, tua quietude é morbidez.
Encontras a soltura em ti; és posto em grades.
E na cela, agora és tu escravo.

Escravo, então, agora, és tu da rendição.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Deseje à vontade.

A Vontade não pensa.
O Desejo, essência do sentir, urgência do Querer.
A Vontade atemporal na iminência urge após surgir.
O Querer, iminente, de saudade pouco sabe;
O Desejo respondente, amoral, exigente, não se cabe.
O Querer não respeita espaço, rejeita distancia.
O Desejo encorajado, se não vai, faz balburdia.
A Vontade decidida, na esperança, se fica, é desordeira.
E cresce gigante, sem respeito, irracional.
Incontrolável, o Querer te põe no passageiro, sem cinto, em risco.
Insistentes, levam-te pelos braços ao querido, desejado.
Quando vês, estás na porta, requerente da presença, querente do querido.
Quando vês, Desejo, Vontade, Querer; satisfazendo-se, satisfazendo, satisfeitos.
E partem, na partida e da despedida se recriam.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Desta vida.



Agressividade.
Agressiva idade,
Progressiva.
Decisiva idade,
Dessa tua vida.
Vivacidade.
Vida agride a idade,
Envelhecida.
Envelhece ou progride?
Progressividade.
Amanhece e tece,
Progride, mas envelhece.
Agride, mas amanhece.
Progride e agride.
Progride a vida.
Agride a idade.
Agressiva vida.
Progressiva idade.



E vou à luz.
E vou.
Evolui.

Decidida vida.
Vivacidade.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Obs, P.s.


Obscenidade;
Obscena idade
Obscena
Observa a cena
Acena à idade
O bis eleva
Observa e leva
O triz pena
Atriz revela
Obscena.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

(E)lucida.

Vê tu. Teu lábio elucida luz. Quanto mais, cada vez. Cada canto de olhares nus. Olhar é lúdico. Boca é lucidez.